O Centro Neurologia Cirúrgica, em Porto Alegre, identificou-se com o estudo, diagnóstico e tratamento dos “Distúrbios do Movimento”, particularmente o tratamento cirúrgico, quando este capítulo da Neurologia estabeleceu sua identidade e reconhecimento internacional, há mais de quatro décadas. Portanto, está é a área de nosso interesse especial, prioritário.

O tratamento neurocirúrgico dos Distúrbios do Movimento – Parkinson, tremores, distonias, tourette - e a confiabilidade nas técnicas que utiliza, foi construído a partir de evidências: a cirurgia estereotáxica possibilita alívio dos sintomas motores, quais sejam, tremor, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e discinesias. Dor é um sintoma não-motor do Parkinson, muitas vezes presente desde o início e que usualmente alivia com esta operação.

O ano 2000 pode ser considerado um divisor de técnicas e procedimentos. Antes, predominou a realização da estereotaxia lesional (radio-frequência), a qual, em menor escala, ainda é utilizada. Nos últimos 20 anos, em todo o mundo, os procedimentos com implante de eletrodo cerebral profundo tornaram-se, amplamente, a primeira opção. O implante de estimuladores cerebrais e medulares segue tecnologias inovativas e ajustáveis às necessidades de cada paciente e por não serem lesionais, são reversíveis.

Em janeiro de 2005, Centro de Neurologia Cirúrgica, em Porto Alegre, realizou o primeiro procedimento, para implante de estimuladores cerebrais (DBS), ampliando nossas ações no extenso campo da Neurocirurgia Funcional. O primeiro paciente operado é portador de Parkinson e ainda hoje usufrui dos benefícios do alívio dos sintomas motores. Desde então, várias centenas de pacientes já foram operados em nosso serviço. Além do Parkinson, outros distúrbios motores como tremor essencial, distonias, síndrome de tourrette, espasticidade, podem obter benefícios com a aplicação de procedimentos neuro-funcionais. Nesta linha, estudamos e tratamos casos de “dor refratária”, nos quais o tratamento medicamentoso não possibilitou o alívio dos sintomas.

Atualmente a Neurocirurgia Funcional é, também, um extenso campo de pesquisas e inovações que acompanhamos, estudamos e somamos à nossa experiência.

  • 45100 Atendimentos/Consultas
  • 6765 Procedimentos em geral
  • 1982 Procedimentos cirúrgicos
  • 482 Procedimentos de D.B.S.

O Parkinson: uma doença diferenciada


O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta as células nervosas do cérebro que controlam os movimentos. O Parkinson é progressivo, o que significa que os sintomas aparecem gradualmente e pioram lentamente. (Fonte: European Parkinson’s Disease Association).

A doença de Parkinson afeta aproximadamente duas a cada 100 pessoas acima de 60 anos. O risco de ter Parkinson aumenta com a idade e é maior em homens, do que em mulheres. Estima-se, considerando estudos realizados, que atualmente há mais de 7 milhões de pessoas com a doença, em todo o mundo. Chagas e Tumas, São Paulo, 2013, consideram que o número de parkinsonianos corresponde a 3.3% da população acima de 64 anos. Para O.H. Gerlach, pesquisador da Holanda, 2010, o risco de desenvolver a doença é de 2% para homens e de 1.3% para mulheres.

Até recentemente, os métodos de avaliação consideravam as populações acima de 60 anos. Realmente, o número de casos de Parkinson, em populações mais jovens, de 40 a 60 anos, é significativo, registrado em publicações recentes e tal como é a nossa experiência em Porto Alegre. Na mesma linha, a pesquisa “The incidence and prevalence of Parkinson disease in the uk””, liberado pela “Parkinsons.org.uk”, dezembro de 2017, produz números sensivelmente superiores do que as publicações prévias e considera, também, os números da incidência abaixo de 60 anos.

O estudo “Global, regional and national burden of Parkinson’s disease 1990-2016”, the lancet, nov 01, 2018, afirma: considerando a última geração populacional, a carga global do Parkinson mais do que dobrou como resultado das limitações físicas que determina e do número crescente de idosos, com contribuição potencial da doença de longa duração, associado aos riscos de fatores meio-ambientais.”

Embora o termo “burden of the disease”, ou seja, “a carga da doença”, ainda não esteja bem definido, o mesmo pode ser utilizado para denominar o que significa a doença de Parkinson como impacto na saúde como um todo, as limitações motoras e cognitivas, os desgastes das comorbidades concomitantes, as repercussões familiares e sociais, os custos financeiros.

Resultados e evidências expostos nestes e tantos outros estudos possibilitam entender cada vez melhor o Parkinson e a identificar tendências, para habilitar a tomada de medidas apropriadas contendo respostas no campo da investigação científica, da assistência médica e da saúde pública. O Parkinson é uma doença diferenciada.

Fonte complementar: Organização Mundial da Saúde (OMS)