As doenças, na sua maioria, têm consequências próprias e outras. As primeiras determinam, os sintomas, o sofrimento, a alteração de rotinas, como o trabalho e compromissos associados. As outras, se relacionam principalmente a alguns fatores: a gravidade da doença, sua duração e, no caso do Parkinson, outras ocorrências indissociáveis ao fato de ser portador dessa doença crônica. A Neurologia produz textos que classicamente consideram os sintomas, o diagnóstico e os tratamentos medicamentoso e cirúrgico. Agora, vamos considerar a doença de longa duração e parte de seu espectro que inclui outros problemas inerentes às experiências e percepções dos pacientes.
O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais frequente, sendo o Alzheimer a primeira. O número de parkinsonianos numa população pode ser calculado por regras. Os autores Chagas, Chagas e Tumas, 2013, de São Paulo, consideram que esse número corresponde a 3.3% da população acima de 64 anos. O. H. Gerlach, W. Weber. 2010, Holanda, registram que o risco de ter Parkinson durante a vida é de 2% para homens e de 1.3% para mulheres. Mesmo que seja um número aleatório, é bastante provável que tenhamos no Brasil algo em torno de 500.000 parkinsonianos – ou mais -.
Este universo de pessoas seguidamente necessita de atendimento em emergências e internações hospitalares, que cedo ou tarde poderá ocorrer. A quantidade de internações para o grupo parkinsoniano é uma vez e meia superior, do que um grupo controle não parkinsoniano e permanecem hospitalizados de 2 a 14 dias a mais. Causas das internações: traumas e fraturas, infecções (pneumonia e infecção urinária), mau controle do Parkinson e da medicação, problemas psiquiátricos, cardiocirculatórios e digestivos. Daí a necessidade da adoção de cuidados para evitar traumas, diagnosticar e tratar precocemente as infecções, monitorar ativamente o paciente em domicílio, com bom controle da medicação. Os familiares e cuidadores devem exercer estas atenções sempre, inclusive quando das internações hospitalares. Em todo o mundo, são raros os hospitais que contam com médicos e enfermeiros treinados para suprir as necessidades dos parkinsonianos. Na Europa (referência acima) 33% destes pacientes estão descontentes com os cuidados hospitalares! De fato, a grande maioria dos hospitais carece de regras bem estabelecidas (guide lines) para prestar o atendimento adequado e indispensável que os pacientes necessitam. O Parkinson é uma doença complexa, tão poli sintomática para o físico, quanto é para o emocional das pessoas. Nas emergências e quando de internações hospitalares, os riscos associados à doença aumentam.